Pedra de Metal

sábado, 26 de dezembro de 2015

ENTREVISTA - Vitor Paixão mentor do Santa Maria Summer Fest



Paixão... Não é só o nome que tem o homem entrevistado, mas sim aquilo que o move para fazer um dos festivais com maior crescimento no nosso país o Santa Maria Summer Fest. Falamos com o Vitor Paixão e podemos afirmar que este alentejano gosta de correr riscos.

- Conta-nos  um pouco da historia do nascimento do Santa Maria Summer Fest? 
- Vitor Paixão: Tudo começou quando eu era presidente de uma junta de freguesia, em que no âmbito das animações de verão providas pela Câmara as juntas também participavam com 4 espectáculos e a Câmara oferecia um até ao limite de €1000. A iniciativa chamava-se ANIBEJA mas o problema é que nos mandaram uma lista dos artistas que deveríamos escolher. Vai dai eu contrapus dizendo que aceitaria a sua realização desde que também nós pudéssemos escolher um artista ou uma iniciativa fora das opções fornecidas. E assim começou o SMSF, que no primeiro ano se chamou ANIBEJA 2010 e que contou com apenas 4 bandas (Sordid Sight, Adamantine, Prayers of Sanity e Inquisitor); foi em Agosto e estavam lá cerca de 200 pessoas o que não foi nada mau; ah, e já agora, em vez do espectáculo oferecido pela Câmara pedimos os €1.000 (€600 foram para o som, o restantee mais algum que disponibilizámos para as bandas).

- O festival tem vindo a crescer de uma forma coesa e constante. É mais fácil agora que já existe uma base, ou é ainda mais complicado uma vez que as pessoas esperam cada vez mais do festival? 
- VP: Um pouco de ambos; digamos que o festival atingiu o seu auge em 2013, altura em que se internacionalizou, com a vinda de bandas estrangeiras, em especial dos Doom; embora no ano anterior já tivesse estado muita gente a verdade é que nessa edição durante a actuação de Doom estavam garantidamente mais de 1000 pessoas; depois no ano seguinte, com Extreme Noise Terror, ultrapassámos as 700 pessoas/dias e neste ano tivemos ainda menos. Isto para dizer que julgo que o SMSF atingiu e assegurou a fidelização quanto a público, onde garantidamente teremos sempre (assim o espero) uma média de 500, 600 pessoas, mas por outro lado queremos mais. Chegar a um ponto onde arriscas ter menos pessoas ou estagnar, não crescer, não vale a pena; já faço uma coisa com bastante sacrifício, que me dá mais chatices, responsabilidade e trabalho do que gozo e satisfação pelo que ou arriscamos mais ou não vale a pena apostarmos na estagnação. Dai que na futura edição a aposta seja maior, passando pela mudança de local, pela qualidade das bandas e respectivos cachet’s, pela maior despesa logística, etc... É um risco mas que tem de ser feito pois se cairmos tal ocorrerá apenas uma vez pois também há uma grande componente de investimento pessoal sem retorno, cuja expectativa é tão só a sua recuperação.

- Existe sempre algo diferente do rock\metal nos concertos. Este ano apostas no Allen Halloween e no seu hip-hop. Não é um risco? Como achas que será a reação do publico? 
- VP: O Paulo Colaço não foi um risco? E foi simplesmente quem teve a melhor critica da Loud!, não só pela actuação em si mas também pela iniciativa da organização em assumir esse mesmo risco; por algum motivo o festival se chamou desde a sua segunda edição Santa Maria SUMMER Fest pois sempre quis fazer um festival eclético não apenas dentro da música extrema mas também fora dela em termos sonoros isto porque há muita música que pela mensagem, pela imagem consegue ser extrema não sendo porém extrema sonoramente. Como tal o Allen será garantidamente dos concertos mais extremos que vamos ter, assim como Spiritual Front, pela temática que os rodeia, para mim uma das melhores bandas do mundo de neo-folk. Conseguir fazer isto com o objectivo de atrair mais publico não só de fora mas tamnbém local mas ainda assim manter a essência do Festival com bandas como Rotting Christ, Cripple Bastards, IXXI, Decayed e outras anunciadas e para anunciar é o nosso grande objectivo; tentar chegar a todos os públicos mas com um cunho pessoal, tentando criar , fomentar, desenvolver uma imagem de marca e ao mesmo tempo lutar sempre, continua e permanentemente contra o preconceito!

- Qual foi a banda mais difícil de trazer ao Santa Maria Summer Fest? Excelente questão, brevemente será anunciada. - Por curiosidade alguma banda já te fez alguma exigência “diferente”, digamos assim? :) 
- VP: Ahahaha, sim, mas nós respondemos que não nos responsabilizamos por tais aquisições; umas garrafinhas de vinho, vodka, ou até whisky, excepcionalmente temos feito uma ou outra cedência, mas não mais do que isso, isto é um festival familiar, se é que me entendes, ehehehe.

- Este ano tens Rottig Christ como destaque, no entanto tens nome de peso nacionais como Bizzara Locomotiva e Decayed. Já pensaste em fazer o festival só com bandas nacionais tipo com uns Moonspell, RAMP, Tarantula, WEB etc etc?? 
- VP: Não, nunca pensei em tal; prefiro promover bandas que procuram o seu espaço ou que já tendo mercado não são tão “grandes” quanto as que mencionaste, mas sempre te respondo que já pensei em todas elas, ehehehe.

- Para além da musica, que outras novidades podemos esperar do festival em 2016? 
- VP: Vamos tentar criar uma zona lounge, com entrevistas, sessões de autógrafos, vídeo, mapping, dj set’s, umas quantas bandas ora a abrir, ora a fechar, a proximidade com a natureza que o espaço nos oferece, mais despesa, mais trabalho, mais preocupações, mas pronto, nada de anormal (assim o espero) dentro da anormalidade que é a organização de um evento desta natureza.

- Para finalizar, uma mensagem para quem lê esta entrevista? 
- VP: Apoiem o SMSF, um festival sem fins lucrativos, de âmbito solidário e que faz do público a sua principal preocupação pois a manutenção e melhoria do mesmo depende exclusivamente de vocês. Grandes bandas por anunciar com a possibilidade de comprarem até ao próximo dia 31 de Janeiro o special pack (bilhete para os 3 dias, t-shirt e saco) por apenas €20 ou então o ingresso de 3 dias por apenas €12 para que não tenham a desculpa que não podem comprar a preços iguais aos da última edição. Aproveito para agradecer a todos os nossos parceiros, nomeadamente as autarquias de Beja, aos privados que nos têm ajudado e aos voluntários que ainda se ão conseguindo manter de corpo e alma e já agora, obrigado pela entrevista, votos de sucesso e boas festas!!!


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