Pedra de Metal

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

ENTREVISTA - Miguel Silva dos Wrath Sins



Mais um Miguel. Depois do Miguel Inglês, o Pedra de Metal teve a oportunidade de entrevistar o Miguel Silva vocalista dos Wrath Sins. Com apenas 4 anos de existência a banda lançou recente o seu primeiro álbum “Contempt Over The Stormfall”, que posso dizer que posso dizer que foi uma das melhores surpresas que tive este ano. Wrath Sins uma banda que veio para ficar e ainda bem :)

- Formados em 2011, porquê 4 anos para lançar o primeiro álbum? 
-Miguel Silva - O nosso “Contempt Over The Stormfall” de certa forma começou a ser desenhado desde o momento em que de facto nos tornamos um todo. Houve um processo longo até conseguirmos uma formação sólida e só no final desse mesmo ano, atingimos tal solidez, que felizmente se mantêm até hoje, sendo exactamente isso que nos permitiu a criação deste debut. Antes de assinalarmos um registo desta envergadura, quisemos ganhar experiência e maturidade o suficiente para que fosse algo que nos deixa-se orgulhosos e não uma mancha no nosso percurso, muitos ensaios, muita composição, muitas datas ao vivo ao longo de cerca 2 anos, deram-nos certezas e deliberadamente e propositadamente decidimos passar a fase do EP tradicional, por acharmos que a nossa formação dava garantias para saltar tal etapa e após tal execução, tenho consciência que foi a atitude mais acertada.

- Já vinham de outras bandas ou Wrath Sins foi a estreia para todos? 
-MS: Em termos gerais, cada um de nós tinha tido planos/pequenos projectos, mas que nunca se haviam materializado devidamente e como tal, WRATH SINS tornou-se NO PROJECTO, que sem dúvida nos marca a nível individual e colectivo.

- Que dificuldades passaram\passam como banda, para se imporem no meio do metal nacional? 
-MS: Nós somos uma banda com objectivos, queremos ir mais além e apresentando algo diferente, partilhamos a mesma visão, “fazemos acontecer”, não somos de estar à espera que as coisas nos caiam do céu, e acreditamos que as coisas só surgem com muito trabalho e trabalhando juntos. Não é de forma alguma um meio fácil, nem de entrar nem de subsistir nele. Desde logo, encontrar membros com a mesma visão, dedicação, a conciliação horária e comportamental, as dificuldades financeiras, promocionais etc. Há todo um punhado de entraves para quem quer fazer algo de relevante aqui. As dificuldades foram, são e sempre serão essas, mas quando se gosta, quando se quer, as coisas surgem e surgem bem. A qualidade e quantidade são muito vastas, é dificil ganhar destaque, a não ser que se siga determinadas “modas” ou contextos de “momento”, mas também quem os segue, vai-se perder no tempo. Nós acreditamos numa subida consistente, “depressa e bem há pouco quem” e como banda nova que somos, estes 4 anos foram de aprendizagem e os próximos 20 assim o serão. Sabemos que actualmente o nome WRATH SINS esta bem e recomenda-se, mas queremos mais e melhor :)

- Como está a decorrer a promoção do vosso álbum "Contempt Over The Stormfall"? ~
-MS: A sensação de tocar este álbum ao vivo não podia ter sido melhor. Sentimos e pelo que vimos à nossa frente por parte do público, conseguimos passar a energia e todo o “ambience” do mesmo. Como referi é um album auspicioso, com centenas de riffs, com orquestrações, samples, arranjos, sabiamos que não seria fácil tocá-lo na integra, mas ficamos imensamente satisfeitos com o resultado. Ter tão boa reacção por parte do público faz-nos acreditar e sorrir para o que aí vem, até porque tem sido arrebatadora a reacção que temos obtido, da mais de centena e meia que já tem disco na mão e têm presenciado a nossa evolução. Embora acreditassemos sempre no que fazemos, não pensavamos ter logo ao inicio um feedback tão positivo, o que é imensamente gratificante saber que “alguém” notou ou entendeu aquilo a que nos dedicamos e propusemos. Como disse anteriormente, não somos a banda “típica” actual, tendo o nosso quê de peculiar, e ter chegado a tanta gente e dessa gente ter chegado tanta palavra positiva, é fantástico. Tem-nos chegado optimas criticas, convites para concertos, entrevistas, radios, não há muito que possamos dizer, se não um obrigado gigantesco a quem não arreda pé de nós e nos apoia, familia, namoradas, amigos, pessoas que vamos conhecendo pela estrada fora etc, essas pessoas são de certa forma o nosso pilar.


- Tem convidados de respeito na vossa estreia como Tó Pica e o Miguel Ingles. Como surgiram esses convites? 
-MS: Como uma banda nova que somos, olhamos para cima e para quem achamos que daria o contributo certo ao album. Acima das escolhas que fizemos não olhamos a nomes mas sim a quem desse o tempero certo ao que queriamos apresentar. Começamos pelo Miguel, ao ponto de a “Solispsism” estar a ser composta e começar a “ouvir” a voz dele nesse mesmo tema, para lá de ser um vocalista incrivel é um amigo que nos apoiou desde muito cedo. E pelo mesmo motivo, surgiu o Fernando,onde foi inevitável na composição da “Textured Vengeance” não sentir a necessidade de ter o registo tão característico dele, e a nível pessoal sendo um enorme fã de WEB, foi fantástico contar com ele. O Tó Pica, foi tal como na música (que encerra o album) o ultimo nome a surgir-nos. A composição da música e do trecho de solo em especifico pedia algo mais, e mais uma vez olhamos para uma banda que ouviamos quando eramos miudos. RAMP foi e é um exemplo para nós de preserverança e o Tó Pica com todas as qualidades fez o solo falar por si.

- Nos concertos vocês dão tudo em palco, nota-se bem a energia e a forma como cativam o publico. Imaginaste um dia a tocar num grande festival ou numa sala tipo coliseu? 
-MS: Esse sonho, porque acho que a palavra sonho se adequa a este ponto, nunca sai das nossas cabeças, sabemos e temos os pés bem assentes no chão e o quanto dificil é dar um salto pequeno, quanto mais um desses, mas também temos consciência que com muito trabalho, dedicação, amor “à camisola” as coisas vão evoluindo, tudo fazemos para que elas evoluam, e que oportunidades e novos caminhos sejam desbravados. Respondendo a questão, sim..qualquer músico imagina e ambiciona tal. A materialização desse sonho, não depende só de nós, mas do que depender, mais tarde ou mais cedo iremos alcançar.

- Apesar de relativamente recentes os Wrath Sins foram uma bandas convidadas para o documentário português "HEAVY METAL PORTUGAL - O Documentário". Não consideras que isso é, um pouco, o reconhecimento do bom trabalho que tem sido feito não só com os Wrath Sins, mas também com a Bulldozer On Stage? 
-MS: Foi uma honra incrível de facto ter sido convidado para tal, estar entre nomes tão “históricos” e relevantes no meio musical no qual estamos inseridos. Como referi acima acho que com trabalho tudo se alcança e sim, creio que tenha vindo também do que temos vindo a alcançar. Somos uma banda ambiciosa, trabalhadora, muito autonoma, sabemos o que fazemos e como fazemos, para lá da ajuda do André Matos e que a nossa editora Raising Legends Records tem vindo a desempenhar, acreditamos que o primeiro passo deve ser sempre nosso. Vejo muito talento e potencial a nossa volta, mas tambem vejo muita desorientação e muito “morrer na praia”. Nós não queremos ser só mais uma na estatistica, queremos e estamos aqui para ficar. E acredito que se houver um documentário daqui a 20 anos, ainda estejamos aqui para documentar mais alguma coisa :)

- Falando da Bulldozzer que novidades podemos esperar em 2016? 
-MS: A Bulldozer está de volta, após uma pausa necessária e revitalizante. Planos são muitos, ideias, algumas já concebidas e a serem tratadas. Queremos mais e melhor como em tudo o que tentamos fazer. Queremos ajudar mais, criar mais oportunidades, mas também cria-las com cabeça. Relevância com qualidade é a nossa meta, e podem esperar (não muito tempo) para ouvir muita coisa da Bulldozer On Stage no próximo ano, a começar ja em janeiro, para a 3ª edição do Feed Me Fest.

- Para terminar, uma mensagem para os leitores do Pedra de Metal… 
-MS: Antes de qualquer outra coisa, um obrigado a ti Paulo, pela oportunidade, pelo regresso, por mesmo em ausência, dares sempre o teu contributo, é de louvar, nós e o nosso meio agradecemos! Para todos os leitores, apoiem as bandas, promotoras, editoras, casas, etc o mais que puderem, porque só sabe o que custa quem pertence a este lado e não esperem para que tudo desapareça para sentirem a falta. Um obrigado e ate já!

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