Os PhaZer, banda de rock lisboeta,
lançaram o álbum “Kismet” em 2010. Confesso que não sou
especialista na área musical em que os PhaZer se expressam
artisticamente o que implicará que esta análise terá um pendor bem
mais subjectivo do que é costume nas minhas análises a discos.
Na generalidade, o disco está bem
produzido e vive muito do trabalho de voz e de guitarra de Paulo
Miranda e Gil Neto, respectivamente.
O disco abre com “Wake me”, uma
canção de rock melódica e alegre que impõe o ritmo para o
restante álbum. Destaca-se o trabalho intrincado na guitarra de Gil
Neto bem como os seus solos que dão à música um carácter
dinâmico. Curiosamente, em certas partes da música, os riffs de Gil
Neto fazem-me lembrar o que Daisy Berkowitz fez na música “Cake
and Sodomy” dos Marilyn Manson.
Segue-se “War of shouts”
iniciando-se com um grande riff, um refrão melódico protagonizado
por Paulo Miranda e um grande solo de Gil Neto, adornando a música.
Em “Serious killer” somos
surpreendidos pelo discurso de Charles Manson (sim, ele próprio!) e
de todos os fantasmas que levanta ilustrados pela letra da música.
Mais um impecável trabalho de guitarra começando com um riff calmo
que acaba por desembocar num riff melódico e mais agressivo na
altura do refrão com mais um grande solo.
A prestação vocal de Paulo Miranda em
“#” é assinalável variando entre a agressividade e a insanidade
fazendo lembrar Mike Patton. Acaba por ser uma das canções mais
compassadas e com mais groove do álbum além de ter um excelente e
orelhudo refrão.
“Kismet” acaba por ser uma das
músicas mais pesadas do álbum abordando por si só uma temática
“pesada” há séculos, o dualismo Cristianismo-Islamismo. A música
é introduzida com um cântico e um riff de tons arábicos e começa
de forma bastante calma até que acaba por desembocar num riff
carregado de peso atingindo a sua plenitude no refrão, peso esse que
se sente também na prestação do vocalista. Destaque também para a
prestação de Henrique Martins no baixo e no seu duelo amigável com
Gil Neto.
Um riff hipnotizante conduz a música
“The unknown” no que parece ser uma profunda reflexão da
personagem que é retratada na música atingindo o seu apogeu no
verso do refrão cantado agressivamente: “(…)I try to fit in the
world but the world doesn`t fit in me (…)”.
“Rebel” tem um toque acentuadamente
country fazendo lembrar, por vezes, o que os Metallica fizeram em
“Mama said”. A banda fez esta música em homenagem a Charlie
Chaplin constando nesta um excerto de um discurso que ele faz no
filme “O grande ditador” de 1940.
“Black suite zombie” segue forte e
pesada à semelhança de “Kismet”. Começa com um riff
extremamente distorcido. Insanidade e agressividade são dois pontos
comuns na prestação de Paulo Miranda à semelhança do que acontece
em “#”.
“Stay for them” e “Fear itself”
encerram o quarteto de músicas mais pesadas do álbum (em conjunto
com “Black suite zombie” e “Kismet”) começando (a “Stay
for them”) com um riff demolidador até à medula acompanhado pelo
bombo do baterista Nelsun Caetano reforçando o peso. Agressividade e
intensidade em elevadas doses. O mesmo se poderá dizer de “Fear
itself” no entanto o início desta é mais calmo com a introdução
de uma harmónica na composição tendo um refrão mais melodioso
embora o baterista faça uso do seu duplo bombo nas partes mais
agressivas.
A última composição dá pelo nome de
“And then it all began” e é um instrumental a solo de guitarra
acústica característico dos trabalhos que se fazem ao nível de
guitarra clássica.
“Kismet” é um bom álbum, bem
estruturado e musicalmente interessante apesar de às vezes se poder
tornar demasiado heterogéneo para o seu próprio bem. A nível de
guitarra, por vezes, sinto que lhe falta distorção e peso porém isso
pode dever-se à influência do “metal pesado” que me corre nas
veias…
Entrevista a PhaZer
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