Pedra de Metal

domingo, 19 de junho de 2011

ENTREVISTA - Pitch Black



Com a saída de dois elementos em Janeiro deste ano, os Pitch Black tiveram que, forçosamente cometer uma pausa e aproveitam para se ocuparem da composição de um novo trabalho. Em 2009 lançaram “Hate Division” o segundo álbum de originais, que foi ouvido e apreciado por muita gente. Álvaro Fernandes (guitarrista e mentor), é o homem a quem a guerra lhe serve para inspiração, na grande parte do que compõe e mais uma vez, na sua qualidade de porta-voz, nos falou sobre a situação da sua banda.

Pedra de Metal - A guerra tem sido, sem dúvida, o tema principal nas letras que escrevem. É um tema para continuar presente em futuros trabalhos?
Álvaro -
Sim, estará sempre presente simplesmente pelo facto do tema se adequar à música que fazemos e à sonoridade que praticamos. Não falamos apenas de guerra nas nossas músicas, mas é um tema predominante.

PdM - Na tua opinião pessoal, achas que é possível uma 3ª guerra mundial?
Álvaro -
Já houve alturas em que acreditava mais nisso. Hoje em dia nem tanto mas nada me admira já e acho perfeitamente possível. Já vimos tanta coisa acontecer à nossa volta que tudo é possível. Enquanto existirem pessoas a ganharem dinheiro com a venda e fabrico de armamento tudo é possível! As guerras hoje em dia são feitas de outra forma. Antes partiam logo para a “estalada”, actualmente as guerras são políticas, são movidas pelo dinheiro e poder, fazem jogos psicológicos. Basicamente dá a ideia de que a humanidade está mais civilizada mas os objectivos são os mesmos: é ver quem tem mais poder. Ou seja, por fora pode parecer uma coisa mas por dentro a fruta está toda podre.

PdM - Concretizaram todos os vossos objectivos no álbum “Hate Division” ou ainda ficou por fazer?
Álvaro -
Eu diria que sim! Em Portugal não há assim tanta coisa a fazer. No entanto, posso dizer que também não é fácil! Tem-se é que trabalhar para que as coisas aconteçam. Estivemos presentes em grandes eventos, o álbum chegou aos ouvidos de muita gente, tocamos bastante ao vivo, o feedback e as reviews foram excelentes por isso penso poder dizer-se que sim.

PdM - É difícil para uma banda como os Pitch Black gerir a disponibilidade na parte artística?
Álvaro - É sempre complicado. As nossas vidas não têm assim tanta disponibilidade para o que quer que seja, quanto mais só para uma coisa que é a música. Têm de se fazer muitos esforços, temos de dedicar muito tempo e tendo em conta que em Portugal tudo demora uma eternidade a acontecer, ainda mais difícil é. Com muito trabalho é que chegamos lá. E mesmo assim, já lá vão 15 anos, temos apenas dois álbuns editados e ainda estamos em Portugal. Até na própria criação artística estamos limitados. Uma banda não pode evoluir o suficiente sem ensaios, sem praticar, sem tocar. É tudo muito difícil mas vamos andando aos poucos.

PdM - O trash-metal é um estilo que tem acompanhado a banda desde o seu nascimento?
Álvaro - Sim, desde o início, em 1995. Mudamos muito, como é natural, mas sempre tentamos “navegar” dentro deste estilo. Não é algo forçado, é simplesmente o que gostamos de tocar. A partir do momento em que sabemos que estamos numa banda de Thrash Metal, é Thrash que temos de tocar. Daí para a frente as coisas surgem. E se alguém nesta banda achar que quer tocar outras coisas é fácil, faz um projecto paralelo ou arranja outra banda. Felizmente não somos os Metallica e achamos que qualquer músico deve dar asas à sua criatividade e explorar outros campos mesmo sem sair de Pitch Black. Pode ter outras bandas, desde que consiga cumprir minimamente com as suas responsabilidades. E se achar que não é Thrash que quer tocar, sai. Penso que acima de tudo está a paixão pela música e aquilo que cada um se sente melhor a fazer.


PdM - Achas que o metal em Portugal está a superar as barreiras a que, desde sempre, foi submetido?
Álvaro -
Sim e não. Se por um lado temos mais pessoas hoje em dia que contribuem para imensas coisas que fazem o panorama nacional crescer (seja público, bandas, editoras ou outras entidades) por outro temos mais pessoas também que não ajudam o Underground a crescer. Não quer dizer que o prejudiquem de maneira alguma ou o façam deliberadamente, mas contribuem para que cada vez seja mais difícil uma banda fazer o seu caminho com resultados rápidos e mais eficazes. Isto é tudo por modas e quando é assim as coisas não funcionam bem para quem quer que esteja a “trabalhar” directamente no Underground e necessite de retorno do público (e não só) para sobreviver. Foram precisos 15 anos para conseguirmos ter com frequência os concertos cheios (ou quase), só para citar um exemplo. Por isso, dá bem para ver o quão lento isto anda... Agora imagina bandas recentes de pessoal cheio de pica. Quantas ficam pelo caminho por desmotivarem...

PdM - E depois deste grande “Hate Division” segue-se uma longa pausa ou já estão a compor para um novo álbum?
Álvaro -
Longa pausa. Forçada por um lado pois tivemos em Janeiro duas baixas no line-up: o Chico (baterista) e o Ricardo (guitarrista). Até se poderia dizer que já estava na hora, uma vez que desde 1995 foram imensas as mudanças na banda e o este line-up estava estável já há cerca de 9 anos. Foi mesmo o nosso record. O novo material está a ser composto por mim e já há muita coisa feita. Agora tem é de ser passado à prática mas isso só vai acontecer quando o line-up estiver de novo definido.

PdM - E para finalizar, gostaria que deixasses uma mensagem para os leitores do nosso espaço.
Álvaro - Para quem segue o Pedra de Metal como eu, um bem haja! Um bem haja também a todos os que trabalham para a boa divulgação do Metal e persistem neste árduo caminho do Underground. NEVER GIVE UP!! Obrigado pela oportunidade a Pitch Black (e pela paciência).

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